quarta-feira, 18 de março de 2009

Reencontro com um velho amigo

Hoje encontrei um velho amigo meu. Na verdade, amigo do meu pai, que com a convivência se tornou amigo meu também, o Seu Eládio. Não via Seu Eládio desde o dia 30 de novembro de 2008. Foi bom encontrar ele, ainda mais porque meu pai tava junto. Logo que cheguei, muitas lembranças vieram na minha cabeça.

- Quanto tempo, Seu Eládio.

Me acomodei, e comecei a conversar com esse sábio amigo.

- Seu Eládio, como são as coisas, né? Em 20 anos que conheço o Senhor, passamos por muitas coisas juntos, né? Muitas alegrias, tristezas.

Engoli o choro que vinha chegando.

E ele me respondia:

- Ah, Lula, é a vida. As coisas mudam. Hoje a gente tá triste, amanhã tá feliz e o tempo vai passando e a gente vai vivendo, crescendo. Mas o bom é que nada é pra sempre. Principalmente as coisas ruins. Lembra daquele 26/11/2005? Saísse daqui gritando, chorando, dizendo que nunca mais voltaria. Pouco tempo depois, lá vem você, ainda triste, mas com aquela esperança que você nunca deixou de ter. Na hora de ir embora, naquele dia, você me disse "Tchau, nunca mais volto", lembra? Eu te respondi com um "até breve", porque sabia que você voltaria. Afinal, é assim, a gente sempre volta pra perto do que nos faz bem.

Pensei um pouco, a lágrima começou a descer, enxuguei antes que alguém percebesse.

- É, Seu Eládio, eu voltei, né? Eu sempre volto mesmo. Aqui eu fico feliz.

E Seu Eládio parecia olhar pra mim meio agoniado, notando que tinha algo estranho comigo, e me perguntou:

- Que você tem, meu amigo Lula? Já te vi chorando aqui algumas vezes, mas era um choro diferente. De alegria ou de muita raiva. Dessa vez não. Você tá calado...

- GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL

- ... bom, nem tão calado assim. Mas o que houve? Tá doente?

Respondi rápido:

- Saudade, Seu Eládio, saudade. Meus encontros com o Senhor estavam costumando ser mais cheios, sabe? Tem algo faltando, e acho que o Senhor sabe o que é. Ou quem é, né?

- GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL

Passado o grito de gol, ele me respondeu com uma franqueza absurda:

- Meu amigo Lula, lembra quando você era bem pequeno e sentava naquele canto ali das cadeiras? Bem na frente de Lia, lembra? Pois é, o tempo passou, ali você conheceu uma pessoa muito importante na sua vida, e nada disso você ficou esperando acontecer. Simplesmente aconteceu. Espere, meu jovem amigo, as coisas vão acontecer de novo pra você, do jeito que tiverem que acontecer. Resta ter paciência.

Quase meia noite, com uma estranha sensação de vazio, vontade de chorar, vou embora, me despeço de Seu Eládio:

- Seu Eládio, bom encontrar o Senhor de novo. A gente se vê. Eu volto, o Senhor sabe.

Ele simplesmente sorriu, porque sabe que no fim das contas, como ele mesmo disse, a gente sempre vai pra perto do que nos faz bem.




Pra os desavisados, "Seu Eládio" é, na verdade, Eládio de Barros Carvalho, nome dado ao lugar que viu várias fases da minha vida, as melhores e as piores, e provavelmente vai ser assim até o dia que eu morrer. Porque, feliz ou triste, eu sempre volto pra lá, pra minha segunda casa, que eu nunca vou abandonar. Obviamente ele não conversou comigo, mas foi mais ou menos isso que senti na volta ao estádio.

4 comentários:

  1. Olá Lula, encontrei seu blog por acaso e o acompanho já há algum tempo, gosto da concisão dos seus textos. Embora a gente não se conheça, estou preocupado com você. Acho que você está explorando sua dor de uma maneira muito perigosa e até incoveniente. Acho muito pouco provável que essa autoflagelação lhe traga algum benefício. Exerça um pouco mais suas habilidades de piadista e ria desse fantasma que está sempre no seu encalço, um fantasma cômico é um fantasma sem função e um fantasma sem função não é mais nada, apenas, depois de algum tempo, uma boa lembrança.

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  2. Bom, eu não sei quem é você, mas fica tranquilo, eu não vou fazer besteira na minha vida não. ehehehe
    Sim, to passando por alguns problemas, que, algumas vezes, nem eu entendo, mas que eu sei que vão ser superados. Uma hora vão ser.
    Seja lá quem for, valeu pela preocupação, mas é que isso é tudo muito novo, muito estranho pra mim. Mas vai passar.

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  3. Lula, adorei essa metáfora sabia.... Seu Eládio é fascinate, esse texto é digno, bonito e inspirador. Muito bom mesmo... E, com disse o amigo Eládio: 'Simplesmente aconteceu. Espere, meu jovem amigo, as coisas vão acontecer de novo pra você, do jeito que tiverem que acontecer. Resta ter paciência.'

    É o que sempre te digo, meu amigo.

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  4. CHORA, BARBIE!
    um dia a vitória chega e aquela música RIDÍCULA de raul seixas pode parar de tocar.

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